Como Corremos?

Anteriormente eu falei que cada vez que evoluí a tecnologia dos equipamentos, o ato de correr torna-se mais dependente destes, às vezes alterando a forma como corremos.

Mas será que necessitamos realmente disso tudo para correr ou precisamos encontrar dentro de cada um de nós aquele ancestral que corria descalço, ou de sandálias rudimentares, atrás dos animais até capturá-los?

Acredito que parte de todas as corridas que fazemos deveríamos deixar de lado todos os equipamentos e voltar ao nosso corredor primitivo.

Se lembrarmos de nossa infância, vamos recordar que quando brincávamos na rua corríamos descalços atrás da bola, das pipas, nos piques em grupo e a única forma de monitorarmos nosso desempenho, nosso cansaço era nosso “feeling” interno que nos dizia para parar ou que poderíamos resistir mais um pouco.

Esse é nosso corredor ancestral!

Mas isso influi a forma como corremos?

Certamente que sim! Principalmente quando deixamos de lado nossa percepção interna e deixamos que equipamentos eletrônicos (gps, frequecímetros) regulem nosso desempenho, às vezes contrariando nosso sentimento que nos diz que poderíamos ir um pouco mais.

E no caso dos calçados, como eles influenciam na forma como corremos?

Se recordarmos aquela corrida da nossa infância e a forma como colocávamos o pé no chão, nenhum de nós o fazia com o calcanhar primeiro. Geralmente colocávamos o terço anterior do pé e o toque com o calcanhar, quando existia era muito rápido e leve no chão, bem diferente da corrida que nos “ensinaram” posteriormente, tocando o calcanhar no chão primeiro e depois “rolando” até a ponta do pé.

Esta segunda forma que aprendemos gera, segundo pesquisas, um impacto muito maior nas articulações do que se corressemos descalços ou com calçados com pouco ou nenhum amortecimento, conforme a figura adaptada do site: http://www.barefootrunning.fas.harvard.edu

Quando abordamos o solo com o calcanhar usando tênis com amortecimento, as forças reativas do solo geram 2 picos de impacto nas articulações dos pés, joelhos e quadril conforme mostra a figura.

 

 

Já quando a corrida é feita descalço ou com pouquíssimo amortecimento, as forças reativas do solo geram apenas um pico de força contra as articulações dos tornozelos, joelhos e quadris e a abordagem é feita com o terço anterior dos pés.

O que devemos fazer então? Jogar toda a tecnologia desenvolvida durante anos no lixo e voltar à nossa infância de corridas descalços, sem relógios, frequencímetros ou GPSs?

Obviamente que não!

Porém acredito que devemos em talvez 10% a 20% dos nossos treinos semanais, deixar todos os equipamentos em casa e desenvolvermos nossa auto-percepção, para nos conhecermos cada vez melhor e consequentemente melhorarmos a forma como corremos.

Mais a frente falarei um pouco de como os tênis influenciam a maneira como corremos.

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